Do pó à ferramenta:
autogestão do trabalho e da produção em uma fábrica brasileira recuperada pelos trabalhadores
Trabalhadores recuperaram da falência uma indústria metalúrgica constituindo uma cooperativa industrial autogerida. Sua forma peculiar de coordenar as atividades produtivas e comerciais acarretou aumento da produtividade, da participação e da satisfação dos trabalhadores. Teriam eles desenvolvido uma forma própria de autogestão do trabalho e da produção? Este artigo reporta um estudo de caso que combinou períodos de convivência com os cooperados, durante suas atividades de trabalho, com a realização de entrevistas semiestruturadas. A investigação revelou um cotidiano de trabalho marcado por liberdade e por preocupação. Verificamos que, apoiados na liberdade, os cooperados andam pela fábrica, conversam durante o trabalho e intervêm no processo de produção. A liberdade, portanto, acarreta mobilidade, flexibilidade, aprendizagem, comunicação e aprimoramento dos processos produtivos. Por outro lado, enquanto se ocupam da produção, os cooperados também se preocupam com a viabilidade da cooperativa. A preocupação gera responsabilidade, vigilância recíproca e conflitos entre os cooperados. Juntas, liberdade e preocupação permitiram o aumento combinado entre produtividade, participação dos trabalhadores e a satisfação deles. A conclusão do estudo é que esta forma de trabalhar, livre e preocupada, caracteriza um modo próprio de autogestão da produção e do trabalho.
Palavras-chave: Psicologia Social do Trabalho, autogestão, processos organizativos, fábricas recuperadas, cooperativas industriais.
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